Sobre a apresentação na Filmoteca Valenciana, 28 de Fevereiro de 2007
A sessão inaugural do ciclo sobre o Novo Cinema Documental Português, contou com uma breve introdução feita pelo responsável da programação da Filmoteca Valenciana, o Senhor José António Hurtado. Entre as menções habituais ao cinema português de Oliveira, José António reforçou a intencionalidade daquela instituição na aproximação às produções “periféricas”. Parece ser, que os nove filmes do ciclo de cinema documental português ficarão, por agora, associados a um território marginal, não só ao cinema ( europeu ) de ficção, como também ao cinema documental que se faz em Espanha.
Coincidiu com esta mostra documental portuguesa um outro ciclo promovido pela Filmoteca Valenciana e pelo CGAI, que terá ajudado a reforçar, embora por outros caminhos, o anunciado gosto pela periferia : “Cine-Ensayo, la forma que piensa “. Ross McElween, Jean-Luc Godard, Harun Farocki, Deborah Stratman, Barbara Hammer, entre outros, contribuíam neste ciclo, para a definição formal de um género reflexivo que não terá encontrado um lugar central dentro das chamadas “formas de não-ficção”.
Talvez devesse ser evocada com muito mais naturalidade, esta prática de trazer para o centro o que encontrou lugar na (ou à) margem de outras coisas. É esse movimento que orienta as próprias cinematecas, que existem, precisamente, para garantir um circuito de visibilidade à margem das salas comerciais. Igualmente assumido poderia ser o facto de que alguns filmes, e mais estes do que tantos outros, terem uma função específica na construção da cultura cinematográfica. Para estes filmes, é certamente fundamental encontrar um determinado circuito de exibição, nacional e internacional, onde os resultados serão lidos na verificação de uma difusão qualificada e não só, unicamente, no número de entradas vendidas.
Com a passagem destes filmes pelos ecrans cinéfilos espanhois, acrescenta-se algo ao óbvio. Ao negativismo que cerca os cineastas e documentalistas portugueses, o reconhecimento de uma grata função, ainda que numa abordagem à "produção periférica".
Curioso e certeiro foi ainda o texto de introdução do folheto escrito por Eloy Enciso: este jovem cineasta galaico-valenciano, define com “sentimiento de desamparo” o traço comum ao conjunto dos documentários da Mostra; não fosse, em cada umas das obras, o título, o tema ou o dispositivo utilizado, a menção quase literal à marginalidade, ao isolamento e à morte.
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